- Área: 4390 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Studio Daulte, Dani Hunziker
Villa Favorita em Lugano
Os históricos jardins da Villa Favorita compõem a paisagem as margens deste Lago no pé do Monte Bré desde o final do século XVII e são importantes elementos urbanos da cidade de Lugano. Os treze edifícios implantados nos jardins foram construídos entre 1687 e 1932. O estilo historicista é característico da arquitetura do Ticino (único estado da Suíça onde o italiano é a língua oficial) e, em geral, da maioria das villas construídas no norte da Itália. Originalmente, a Villa Favorita foi um edifício isolado e independente entre Lugano e Castagnola. Atualmente encontra-se rodeada por blocos habitacionais modernistas construídos durante a segunda metade do século XX. A arquitetura modernista é também um estilo bastante difuso em todo Ticino, a qual foi empregada na construção de diversos apartamentos de final de semana junto ao Lago de Lugano.
Até recentemente, esta propriedade fazia parte dos Jardins da Villa Favorita. Um enorme muro coberto pela vegetação suporta o terraço construído para acomodar uma piscina e uma grande área verde. Junto a este terraço estão localizadas a Casa Glorietta, construída no século XVII, e a Pinacoteca idealizada pelo então proprietário Barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza em 1933. Esta galeria abrigou a famosa coleção de Thyssen-Bornemisza antes de a mesma ser levada para o Palácio Villahermosa em Madri em 1990. Carmen Thyssen-Bornemisza, viúva de Hans Heinrich, vendeu a propriedade para um investidor do Ticino que, em 2009, encomendou este novo projeto de apartamentos aos arquitetos Herzog & de Meuron. Em 2015, Thyssen-Bornemisza vendeu o restante da Villa Favorita para uma família de industriais da Itália.
Uma fileira de oito edifícios
Oito casas de diferentes tamanhos foram construídas com dimensões e detalhes específicos e singulares. Para maximizar a frente junto ao lago, elas foram projetadas como um edifício único e interconectado, de modo que cada uma das oito unidades pode se beneficiar da impressionante vista para o Lago de Lugano. As casas possuem de três a quatro pavimentos, adaptados a íngreme topografia do terreno. Uma série de escadarias lineares criam eixos visuais que atravessam o conjunto. As escadas foram construídas como os tradicionais caminhos escalonados das encostas do Ticino. As salas de estar e jantar estão diretamente conectadas com os jardins; os quartos com varandas e vistas panorâmicas estão localizados nos pavimentos superiores. A partir da Via Cortivo, junto ao limite norte do terreno, caminhos estreitos e escadas seguem através da vegetação densa da encosta até as entradas separadas de cada um dos edifícios. Um elevador de veículos permite acesso a garagem no subsolo, onde todos os edifícios se conectam.
Geometrias sobrepostas
A estrutura básica do projeto se repete através de suas paredes verticais implantadas perpendicularmente ao declive do terreno. Recortes circulares, horizontais e verticais se sobrepõe a essa ordem ortogonal para conformar as varandas e pátios. Este grid espacial geometricamente complexo cria espaços internos e externos que se sobrepõe, construído uma atmosfera única feita de luz e sombra. A geometria circular também se aplica a pequenos espaços como elevadores e banheiros, criando uma transição fluida entre os espaços maiores e menores e uma continuidade espacial entre o interior e o exterior.
Uma arquitetura mediterrânea
A estrutura e as paredes foram rebocadas com um acabamento rústico enquanto que as aberturas foram construídas em madeira de teca; os jardins, os terraços e a cobertura estão pavimentados com pedras ou abrigam jardins. As vistas excepcionais nos espaços internos das casas são realçadas por uma materialidade interior quase silenciosa, definida por pisos de madeira e paredes brancas. a implantação escalonada no terreno, a subdivisão dos edifícios, o acabamento das paredes e a colocação precisa dos forros brancos nos vazios das fachadas, contribuem para que os novos edifícios pareçam se encaixar naturalmente na paisagem. Do lago, os edifícios são percebidos como uma estrutura organicamente integrada ao entorno.
Paisagismo
O caráter da Via Cortivo permanece o mesmo. As grandes árvores foram cuidadosamente preservadas durante a construção; árvores menores e arbustos foram relocados ou substituídos. Assim como antes, a vegetação diversa e densa continua a cobrir a encosta norte do terreno, proporcionando este excelente pano de fundo verde. Voltados para o sul, os terraços das oito unidades formam uma grande e contínua área ajardinada, com sutis ilhas de vegetação separando cada um dos jardins particulares. O layout escalonado e a vegetação abundante aumentam a privacidade dos apartamentos. Pinheiros altos, semelhantes aos utilizados na Villa Favorita, fornecem sombra sem obstruir as vistas. O arquiteto paisagista Michel Desvigne foi o responsável por criar esta intrincada trama de jardins entre a Villa Favorita e o novo edifício projetado por Herzog & de Meuron.